A sueca Lena Forsen nunca tinha feito um ensaio nu. Fez para a Playboy em 1972, e nunca mais realizou este tipo de trabalho. Parte do poster central que a apresentou como Miss Playboy do mês, foi, sem a modelo saber, massivamente utilizado em experimentos de processamento de imagem, o que lhe rendeu, também sem saber até 1997, títulos como os de “primeira dama da internet” e “padroeira do JPEG”.⁣
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Um exemplo da sua imagem ser tão forte e se expandir tanto do ambiente de estudos de mídia e tecnológicos é que além de provavelmente “quem não é da área de estudo” já a ter visto, ela foi utilizada no filme O Dorminhoco de Woody Allen (que acho dispensável e um tanto enfadonho, mas aí é outra polêmica discussão 🙃 ), junto com fotos de De Gaulle e Stalin, para saber se o protagonista tinha compreensões do passado, de onde vinha.⁣
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Ponto central da discussão desta imagem, são os “motivos implícitos” do seu uso. A década de 70 foi um momento em que inúmeras mulheres, que haviam trabalhado aos montes nos primórdios da computação, estavam perdendo espaço da indústria pela percepção preconceituosa de que a computação era uma atividade de ampla necessidade cerebral, e por isso… Masculina (visão oposta da década de 50 e parte da de 60 em que a programação de computadores era visto com desconfiança em relação aos cálculos humanos, e era um trabalho… Feminino). Foi “normal” que homens utilizassem uma imagem de uma mulher esteticamente atraente, nua e sem sua autorização, para testes. Há segundo a Pesquisadora da Universidade da California, Jane Margolis, toda uma carga de simbólica no uso da sua imagem. A análise, entre outras, pode ser vista no interessante documentário Losing Lena, promovido pela Code Like a Girl, (filme completo no link da bio) .⁣
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Bom, é consenso que subrepresentatividade e desigualdade de gênero impedem desenvolvimentos sustentáveis. Compreender seus processos formadores, problematizá-los e buscar técnicas para alterações de realidades são necessidades (ainda bem) dos nossos tempos. ⁣
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Lena não se arrepende das fotos, e nem sobre a apropriação da sua imagem. A incomoda o fato de não ter sido financeiramente melhor compensada.⁣
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